segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Voltaremos este ano de 2011...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
História da homoafetividade feminina em Blumenau será pesquisada
Coordenado pelos professores Celso Kraemer (Departamento de Ciências Sociais e Filosofia) e Carla Fernanda da Silva (Departamento de História), tendo como bolsista Fabiele Lessa, o projeto "Outras Vozes: Análise das Narrativas de Relações Homoafetivas Femininas em Blumenau" foi aprovado no Edital MCT/CNPq/SPM-PR/MDA Nº 020/2010 – seleção pública de propostas para pesquisas em temas de Relações de Gênero, Mulheres e Feminismos.
O projeto visa fazer uma cartografia de vivências homossexuais femininas, através da ‘história oral’ e de pesquisa em fontes primárias (diários e escritos íntimos). “Pretende-se saber de que maneira estas mulheres têm superado o preconceito de si, dos outros, para si e para com os outros, numa cartografia que delineia uma sociedade selada na regulamentação da sexualidade”, argumenta a professora Carla.
Além disso, segundo a professora, o projeto visa questionar as diferenças que marcam historicamente as formas de relações estabelecidas entre mulheres heterossexuais e homossexuais na afirmação de sua sexualidade. “A pesquisa objetiva, também, analisar o modo como as mulheres homossexuais assumem seus relacionamentos e, a partir daí, se expõem e são percebidas como corpos sexualizados, corpos com desejos, corpos transgressores”.
Nesse contexto, o projeto propõe dar voz e visibilidade às mulheres homossexuais, por meio de suas narrativas de vida, o que possibilitará uma discussão local sobre a diversidade sexual, tanto no processo de pesquisa, quanto nos debates que serão propostos.
As entrevistas e suas transcrições serão incorporadas ao CEMOP, Centro de Memória Oral e Pesquisa da FURB e, quando autorizadas, permitirá o acesso de outros pesquisadores aos arquivos. “Pretende-se realizar, ainda, apresentações da pesquisa e seus resultados na Universidade em parceria com o grupo ‘LGBT Liberdade’ de Blumenau e em eventos científicos regionais e nacionais”, informa a professora.
As interessadas em contribuir com entrevistas e participar do projeto, favor entrar em contato através do email: escritadesi@gmail.com.
Publicado: Comunicação e Marketing (FURB)
Texto: Alessandra Meinicke / Carla Fernanda da Silva
Foto(s): Divulgação
Fonte:http://www.furb.br/novo/
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Fundo 2011 - mais um exemplo do descaso!
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
O CAMPO DA CULTURA, OS ATORES LOCAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE CULTURA
O CAMPO DA CULTURA, OS ATORES LOCAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE CULTURA1.
É necessário que o poder público consiga delimitar o que é Cultura e qual será o cenário de sua atuação enquanto agente fomentador. Para isso, o Estado precisa considerar as duas dimensões da Cultura propostas por BOTELHO: a antropológica e sociológica, distinguindo-se a cultura no plano cotidiano daquela que ocorre no circuito organizado. Esta postura permite contextualizar as características próprias de cada uma, identificar quando essas dimensões se articulam, produzindo um cenário promissor para definir políticas públicas adequadas, quais as estratégias que serão transformadas em programas, projetos e ações.
Esta é uma atitude elementar, especialmente no poder público, com seus poucos recursos financeiros dedicados ao setor, que criaram aberrações no financiamento à cultura nas últimas décadas, quando foram deixados para os departamentos de marketing a definição do que é produzível ou viável enquanto projeto, numa perspectiva unidimensional e instrumental de Cultura.
Porém, essas duas dimensões estão articuladas e tratá-las apenas isoladamente pode não gerar resultados. Para isso, dois movimentos são necessários: um, das próprias sociedades, em que o exercício real da cidadania, da participação e da organização é capaz de produzir demandas por políticas. O outro é do próprio poder público, delimitando seu universo de atuação, mas em conjunto com outras secretarias governamentais, pondo a criatividade a serviço da utopia, numa perspectiva de entender a cultura de maneira multidisciplinar.
A postura dos governos, na delimitação de sua atuação, é para melhor utilizar os escassos recursos financeiros e nem para se perder no jargão “Cultura É Tudo”. É desejável, no século XXI, diante de tanta reflexão teórica sobre Cultura, uma ação governamental que trabalhe para romper com a dicotomia erudito X popular. Entre o erudito e o popular, existem relações de troca, um processo de hibridização que precisa ser observado.
Esta postura demanda do poder público: tomar a cultura em sua diversidade, sem hierarquias, numa relação horizontal e de rede de diálogos.
É preciso entender a importância da cultura como um recurso contemporâneo, suas ligações com o desenvolvimento local, economia, tecnologia e quiçá, meio ambiente. É preciso romper a “boca torta” para a palavra gestão, ao mesmo tempo em que eu sei que Cultura é muita mais que só gestão… é do universo do simbólico.
Veja um exemplo disso: em virtude do tipo de financiamento predominante no país nas duas ultimas décadas, as dinâmicas de produção cultural passaram por diversas transformações e tensões: o abandono de artistas, produtores e comunidades inteiras a própria sorte, numa jornada por departamentos de marketing intermináveis; ao mesmo tempo, esse quadro fomentou a associação e a criação de formas de articulação entre artistas, produtores, públicos e comunidades de arte e cultura, numa atuação criativa frente aos poucos mecanismos estatais de fomento e financiamento. Como interagir com um cenário desses? Quais as perspectivas futuras? Que tipo de diálogo é possível? Quais as dinâmicas postas em funcionamento?
O espaço local é o locus privilegiado para ter a articulação dessas duas dimensões da cultura através da demanda dos grupos por direitos e da ação do aparato governamental. O poder público municipal deve ter um papel presente nesse esferal. O cenário local é de pluralidade de interesses ativos, arenas cujos atores conhecem seus interlocutores, sabendo de quem cobrar e com quem se articular. O mesmo ocorre no sentido inverso: do Estado para a Sociedade, nas várias direções possíveis das teias de relações.
O Estado deve aparecer não como dirigente, mas como articulador e fomentador. Para isso, é necessário ter em mente a importância das políticas públicas, no caso, políticas culturais adequadas, que busquem parcerias na iniciativa privada, na sociedade e nas outras instâncias governamentais.
Uma política cultural consistente exige dos seus gestores a capacidade de antecipar problemas, visão de longo prazo, planejador, ser criativo o suficiente para sugerir financiamentos alternativos para a produção cultural, entender das dinâmicas do aparato governamental, buscar entender a diversidade cultural, pensar as lógicas da contemporaneidade e como a tecnologia pode servir como ferramenta para o fomento às artes e à cultura.
Este gestor precisa entender acerca da cadeia produtiva da cultura que é formada pelos criadores e produtores; organizações culturais; empresas investidoras; poder público; imprensa cultural; meio acadêmico e público da cultura. Precisa entender sobre o tripé produção – distribuição – fruição. Isso porque as políticas públicas de cultura devem compreender o sistema em sua totalidade articulada.
É preciso insistir nisso: enquanto temos de um lado a cadeia produtiva da cultura, cada vez mais capacitada para os desafios contemporâneos, temos de outro, gestores sem sensibilidade e mesmo interesse em aprofundar políticas, em conhecer contextos, em experimentar.
No caso de Blumenau, algumas questões são urgentes para uma visão sistêmica e articulada entre as duas dimensões da cultura: mapear o consumo e os hábitos culturais dos públicos; organizar sistema municipal de indicadores culturais; romper com a lógica do evento e pensar em programas, projetos e ações com responsáveis, prazos, recursos e resultados; ampliar os recursos do Fundo Municipal de Cultura e pensar novos mecanismos de financiamento, como editais específicos para áreas; adesão ao Sistema Nacional de Cultura, espécie de SUS da Cultura; ampliar os recursos destinados a Fundação Cultural; rever o organograma administrativo da estrutura, modernizando a administração; instituir o Plano Municipal de Cultura; tornar o Conselho Municipal de Cultura órgão deliberativo e; iniciar política de implantação de Centros e Casa de cultura nas comunidades de Blumenau.
No caso da Universidade, esta pode inserir-se como agente fomentador, tal qual o Estado, mas num papel de complementaridade. Focar na capacitação dos profissionais envolvidos na cadeia produtiva da cultura, participar da produção dos indicadores culturais; identificar e analisar a cadeia produtiva da cultura em Blumenau e região; formar público fruidor de arte, cultura e humanidades, além de ser parceiro no desenvolvimento autônomo de grupos e comunidades da região.
Por fim, pergunto: Já que o poder público municipal é tão importante assim, será que Marlene, Neuza, Nico e Kleinubinho dão conta?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTELHO, Isaura. Dimensões da Cultura e políticas Públicas.
COSTA, Leonardo Figueiredo. Uma reflexão sobre as Políticas Públicas e a Questão da Formação na Área Cultural.
DURAND, José Carlos. Cultura como objeto de Política Pública.
RUBIM, Albino. Políticas Culturais: entre o possível & impossível.
1 Márcio José Cubiak, mestrando no Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de Blumenau – FURB. Graduado em Ciências Sociais.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Legislação Municipal sobre Cultura
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Carta aberta: Salão de Artes Visuais de Itajaí
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À Organização do 12º Salão Nacional de Itajaí,
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Na última segunda-feira tivemos a oportunidade de participar da mesa-redonda e da solenidade de abertura do 12º Salão Nacional de Itajaí. A mesa-redonda composta por oito artistas/curadores foi uma iniciativa indiscutivelmente proveitosa e de teor relevante para os presentes. Mas foi também nessa ocasião que, muitos de nós, nos demos conta da metodlogia de “indicadores” utilizada para a composição do Salão e também de que o Edital, não foi cumprido, tendo sido foi apenas um instrumento de fachada para a realização de um outro "Salão", diferente daquele divulgado no regulamento.
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Não somos contra as mudanças e evolução do formato do Salão, da utilização deste modelo híbrido seleção/indicação. Mas a questão é que, até agora, não sabemos exatamente quem foi selecionado no edital ou indicado (aliás o site da Fundação Cultural de Itajaí está fora do ar), ou seja o resultado do edital não ficou claro e, em se tratando da “coisa pública”, isto é preocupante.
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Numa inciativa que pretendia beneficiar e promover artistas, são justamente os artistas os principais lesados. A começar pelo edital: artistas blumenauenses já haviam reclamado do regulamento, que praticamente inviabilizava a participação, haja visto que não se previa nenhum pró-labore ou ajuda de custo aos selecionados (o artista tem custos significativos material, trasporte, montagem, seguro para participar de um salão, sem mencionar todo trabalho do autor), apenas a gloriosa premiação no valor de R$ 5.000 para quatro artistas (aliás, este formato de ‘premiação’ já não é também por demais utrapassado?).
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Passado o problema do edital em si, vem a questão do resultado. O que se presumiu ao visitar o Salão e ouvir as falas do curador Josué Mattos é que, a organização, no meio do caminho, optou por não seguir o edital, mudando as regras e prejudicando nitidamente todos os inscritos legalmente (que investiram numa inscrição e acreditaram estar participando de um processo público, legal e idôneo), e passando a privilegiar os 'indicados', que foram agraciados com o apoio da organização do evento.
Reforçamos, não somos contra a reformulação do Salão, visando um formato mais contemporâneo e adequado, mas, mudar as regras no meio do jogo realmente não pega bem.
Pensamos que a metodologia da indicação pode acrescentar muito ao processo e permitir um interessante mapeamento da produção nacional, mas acrescentamos que consideramos importante também a manutenção do processo de seleção via edital, que pode ser o único caminho que possibilite a artistas distantes dos grandes centros, anônimos e sem uma rede interessante de relações e contatos, o acesso ao sistema.
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Como deveria ser feito nesta edição, o Salão tem que declarar oficialmente suas pretensões combinando então as seleções através do edital e as indicações, oferecendo suporte igualitário para ambos grupos de artistas e, o mais importante: que isso seja divulgado de maneira clara e transparente neste edital que é público.
Gostaríamos de uma explicação por parte da organização do evento sobre as alterações feitas neste Salão, bem como também a lista que indique os que foram aceitos via inscrição (se é que houve algum). Na medida que é um edital público, o processo precisa ser feito com isonomia e respeito aos inscritos no edital.
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Estamos a disposição para dialogar e trocar.
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Atenciosamente,
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Fórum de Políticas Culturais de Blumenau
Setorial de Artes Visuais
22 de junho de 2010.